Como as pessoas são afetadas com a anosmia congênita?

O olfato é um sentido muito relacionado à memória e às emoções das pessoas. É difícil encontrar alguém que não associe o cheiro do café coado a uma sensação de conforto, por exemplo. Mas você sabia que nem todo mundo tem esse sentido desenvolvido? São as pessoas diagnosticadas com anosmia congênita. 

Apesar do nome pouco familiar, a anosmia congênita é uma condição genética que afeta parcial ou totalmente o olfato desde o nascimento. Ou seja, quem possui essa condição é incapaz de sentir a sensação que o cheiro de café causa em grande parte das pessoas que não sofrem do mesmo problema. Segundo o autor, a anosmia congênita, a ausência de percepção olfativa desde o nascimento, afeta aproximadamente 1 a cada 10.000 pessoas. 

Mas não se trata apenas da relação do olfato com a memória e as emoções. Um estudo recente revelou que as pessoas afetadas pela anosmia congênita também respiram de uma forma muito diferente. Isto é, sua respiração tem redução significativa dos picos respiratórios, diretamente associados à exploração olfativa.  O estudo, intitulado “Humans without a sense of smell breathe differently” (Pessoas sem olfato respiram de forma diferente, em tradução livre), relaciona os impactos respiratórios da anosmia congênita com o comprometimento da qualidade de vida.

Anosmia congênita e a respiração

A pesquisa demonstrou que não se trata apenas de um problema relacionado ao olfato. Para chegar a esse dado, a pesquisa acompanhou 21 pessoas com anosmia congênita e 31 que declararam ter olfato normal. Ao longo de 24 horas, os dois grupos registraram dados de precisão do seu fluxo nasal através de um dispositivo vestível. 

De acordo com os pesquisadores, as pessoas que não sofrem da perda de olfato tiveram cerca de 240 ondas neurais adicionais por hora. O dado sugere que a respiração nasal não é apenas um ato físico, mas também está intimamente ligada à atividade neural e à cognição dos seres humanos.

Olfato e qualidade de vida

A anosmia congênita pode comprometer a qualidade de vida, gerando até a redução da expectativa de vida. O alerta é importante, pois a respiração nasal influencia a atividade neural, afetando funções cognitivas e emocionais, como a memória e o processamento emocional. Afinal, a ausência do olfato impacta também a forma como as pessoas interagem com o ambiente.

No entanto, a pesquisa apresenta algumas limitações. No grupo de controle, por exemplo, a confirmação do olfato normal foi feita por meio de autodeclaração, sem a aplicação de testes olfativos validados para atestar a ausência de qualquer déficit. Além disso, o estudo não considerou a quantificação do fluxo de ar oral, o que poderia fornecer uma análise mais completa dos padrões respiratórios. Embora o estudo tenha limitações, não podemos desconsiderar os resultados obtidos como um tipo de alerta. 

Os autores recomendam mais pesquisas para aprofundar a relação entre respiração, cognição e a anosmia congênita como forma de abrir caminhos para o desenvolvimento de intervenções que melhorem a qualidade de vida dessas pessoas.