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9 de abril de 2025

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Microbioma nasal, olfato e memória: como as bactérias do nariz podem influenciar o cérebro no envelhecimento

Um novo estudo, publicado na Nature revela que a composição do microbioma nasal pode estar ligada à perda do olfato e ao declínio cognitivo em idosos. Descubra por que o nariz pode ser muito mais do que um sentido.

O que o nariz tem a ver com o cérebro?

Cada vez mais, a ciência aponta que o olfato pode ser um dos primeiros sinais de alterações neurológicas, especialmente no envelhecimento. Mas uma nova descoberta adiciona uma peça surpreendente a esse quebra-cabeça: o microbioma nasal.

Pesquisadores investigaram como as bactérias que vivem dentro da cavidade nasal – o chamado microbioma nasal – se relacionam com a função olfativa e o desempenho cognitivo em adultos mais velhos. O estudo envolveu mais de 500 participantes entre 66 e 95 anos, e os resultados chamam a atenção.

Perda de olfato e diversidade bacteriana: existe uma ligação?

Os dados mostraram que pessoas com disfunção olfativa (dificuldade para sentir cheiros) apresentavam maior diversidade de bactérias no nariz. Gêneros como Acidovorax e Morganella foram mais abundantes entre aqueles com perda olfativa.

Ao mesmo tempo, foi identificado que um tipo específico de microbioma – dominado pela bactéria Corynebacterium – esteve associado a menor risco de comprometimento cognitivo leve. Esse perfil bacteriano parece exercer um papel protetor, possivelmente por mecanismos imunológicos e metabólicos.

Microbioma nasal e saúde cognitiva: um novo caminho?

A pesquisa sugere que o microbioma nasal pode mediar parte da relação entre a perda do olfato e o declínio cognitivo. Estima-se que até 14% dessa associação possa estar relacionada à composição microbiana presente no nariz – uma porcentagem significativa, considerando que alterações olfativas são observadas em até 95% dos pacientes nos estágios iniciais de doenças neurodegenerativas.

Essa conexão entre nariz e cérebro pode acontecer por diversas vias: metabólitos microbianos, inflamação crônica de baixo grau, e até mesmo a entrada de microrganismos no sistema nervoso central por meio da mucosa olfativa.

O nariz como sentinela do cérebro

Ao lado do eixo intestino-cérebro, já bastante conhecido na neurociência, o eixo nariz-cérebro começa a ganhar destaque como uma nova fronteira da ciência.

Seja como marcador precoce de declínio cognitivo, seja como possível alvo terapêutico, o microbioma nasal se mostra promissor. Estudar essas interações pode abrir caminho para novas estratégias de prevenção em saúde cerebral – e mais uma vez, o olfato se revela como um sentido poderoso e multifacetado.