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11 de dezembro de 2024

Olfato em Foco

Comunicação olfativa: como reconhecer sentimentos pelo cheiro

Em um mundo dominado por palavras e imagens, é difícil pensar em outras formas de se expressar. Mas elas existem. É o caso da comunicação olfativa

Como o nome sugere, trata-se de uma forma silenciosa e relacionada ao cheiro para se comunicar.

O que se define por comunicação olfativa é detectável através de moléculas químicas voláteis, chamadas quimiocinas. É a partir delas que os seres humanos transmitem informações sobre seu estado emocional, criando uma linguagem complexa e sutil, mas capaz de influenciar a percepção e a resposta do outro.

Comunicação olfativa na prática

Imagine o cheiro de suor de uma pessoa com medo. Essa informação olfativa, além de alertar sobre a presença de perigo, pode ativar mecanismos de resposta ao medo em outras pessoas, preparando-as para uma possível ameaça.

É disso que se trata a força da comunicação olfativa. Ou seja, a capacidade de transmitir informações complexas, como medo, felicidade, raiva e tristeza, apenas pelo olfato e sem a necessidade de palavras ou gestos. 

Pesquisas com odores de felicidade e medo, por exemplo, demonstram que tais quimiocinas são capazes de modular a atividade cerebral e fisiológica, influenciando a resposta emocional e a percepção social.

Além disso, análises de atividade cerebral demonstraram que a presença de odores de medo aumentou as oscilações delta, um padrão associado à atenção motivacional e à preparação para a ação. Por outro lado, os odores de felicidade estimularam a atividade em outras faixas de frequência, indicando um processamento emocional positivo.

Imagem fechada no rosto de uma pessoa, com foco nos olhos e nariz. A pessoa é asiática, olha para baixo e tem a pele suada.

Comunicação olfativa e conexão humana

Outras pesquisas relacionaram a influência dos tipos de cheiro na percepção de expressões faciais. Os resultados mostraram que a presença de odores emocionais alterou a forma como as pessoas interpretavam essas expressões, independentemente da presença de sintomas de depressão ou ansiedade social. 

Segundo os estudos, as situações com o “cheiro de medo”, por exemplo, tenderam a aumentar a percepção de ameaça nos rostos neutros. Por sua vez, odores de felicidade tiveram o efeito contrário.

Há, também, resultados sobre a comunicação olfativa alterar a frequência cardíaca (HRV). É um indicador da atividade do sistema nervoso autônomo, que aumenta em resposta a ambos os odores. Isso sugere que o corpo se ajusta para lidar com as emoções. 

No futuro, a pesquisa sobre a comunicação olfativa pode revolucionar a forma como interagimos com o mundo. 

Logo, poderá auxiliar no desenvolvimento de terapias para transtornos mentais. Por exemplo, é possível fazer aplicação de odores emocionais em meditação guiada para pessoas com ansiedade social.

Por fim, a comunicação olfativa se revela um elo fundamental na teia complexa da comunicação humana. Através das quimiocinas, seres humanos constroem um diálogo silencioso, transmitindo emoções, moldando percepções e influenciando o comportamento do outro.